Professora de História na Prefeitura de São Paulo

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Ditadura Militar no Brasil (1964-1985)

Ditadura Militar no Brasil

            Em 1° de abril de 1964 o presidente João Goulart (que havia substituído Jânio Quadros quando este renunciou) foi tirado do poder pelos militares, que instauraram uma ditadura (1). Dentre os fatores que influenciaram esse golpe militar, estão:
- a instabilidade política do período (com muita greves e manifestações sociais)
- o alto custo de vida enfrentado pela população
- a promessa de Jango (João Goulart) de fazer mudanças radicais na agricultura, economia e educação.
- o medo da classe média que o Socialismo ou Comunismo fossem implantados no Brasil
-  apoio dos Estados Unidos, da classe média, e dos setores conservadores aos militares.
            Os militares governavam através de Atos Institucionais: decretos que legitimavam e legalizavam as ações políticas dos militares. Cassaram[2] os direitos políticos de seus opositores, reprimiam movimentos sociais e manifestações da oposição, censuravam[3] os meios de comunicação e os artistas (músicos, cantores, atores), e perseguiam movimentos de guerrilha e opositores com extrema violência, inclusive por meio de torturas e desaparecimentos, além de proibir partidos de esquerda. Também usavam de intensa propaganda para mascarar[4] os problemas do Brasil. Muita gente teve que sair do Brasil devido às perseguições políticas e ficaram exiladas[5] em outros países.
            Houve um período de crescimento e investimentos externos que foi chamado de “milagre brasileiro”: grandes obras foram feitas, mas apesar do grande crescimento a população ficava cada dia mais pobre.
            Após quase vinte anos onde a população brasileira não podia votar para presidente e os próprios militares eram quem escolhiam quem seria o próximo, um lento processo de abertura política se iniciou, e a anistia foi concedida em 1979: os cidadãos exilados já tinham permissão para voltar ao país. Em 1984 a campanha Diretas Já (uma campanha popular onde as pessoas foram às ruas para exigir seu direito de votar para presidente) juntou um milhão de pessoas.
            Em 1985 finalmente o congresso aprovava emendas que acabavam com os vestígios da ditadura: eleições diretas para presidente e partidos comunistas ou de esquerda deixaram de ser proibidos. Mas as conseqüências de 20 anos de ditadura e repressão eram claras: pessoas desaparecidas e torturadas, a inflação a níveis assustadores como nunca se havia visto antes, obras paralisadas por todo o Brasil e uma dívida externa com os Estados Unidos que crescia cada dia mais.




[1] Ditadura: regime autoritário, geralmente implementado por forças militares.
[2] Cassar: eliminar, extinguir
[3] Censurar: reprovar, repreender, proibir.
[4] Mascarar: esconder, disfarçar
[5] Exílio, ficar exilado: estar longe de sua casa ou de seu país; ser banido (expulso) de seu país


Além do Brasil, vários países da América Latina também passaram por governos ditatoriais quase na mesma ápoca: Argentina, Chile, Paraguai, Bolívia, Uruguai, Peru, Guatemala, República Dominicana e Nicarágua. Para saber mais sobra as ditaduras na América Latina, acesse os links:

Saiba mais: 


Veja as imagens:


A foto abaixo mostra Dilma Roussef respondendo um interrogatório após 22 dias de tortura. Os oficiais escondem o rosto, mas ela faz questão de encarar seus torturadores. Eles jamais poderiam imaginar que 41 anos depois aquela mesma mulher seria presidente da república.


Em 1979 o general Figueiredo, presidente do Brasil na época faz uma viagem à Belo Horizonte. Lá, a menina rejeitou o cumprimento do general, e a foto virou símbolo da luta contra a ditadura, sendo publicada em vários jornais e revistas, no Brasil e no exterior.


O jornalista Vladimir HErzog, que apresentava o principal jornal da TV cultura. Fi convocado a prestar alguns esclarecimentos no DOPS, e lá mesmo morreu devido às torturas. Segundo a versão dos militares, ele se "suicidou" em sua própria cela. 


Acesse os sites:



Veja os vídeos e documentários:

Brasil, o relato de uma tortura: http://www.youtube.com/watch?v=CCmA80YgwDY

1964 Um Golpe Contra o Brasil: http://www.youtube.com/watch?v=jXUYZQWD-fg



Memórias do chumbo no Brasil: http://www.youtube.com/watch?v=cViE1fZ3tzA


Assista os filmes:

Anos Rebeldes: http://www.youtube.com/watch?v=s7cwJpsV29c (parte 1)
A minissérie Anos Rebeldes foi exibida pela Rede Globo, e retrata o período do final dos anos 60 e meados dos anos 70. Os personagens da série vivem conflitos amorosos e políticos, e alguns deles enveredam para a luta armada.
PS: procure as parte subsequentes da série na listagem de vídeos que aparece relacionada.




O ano em que meus pais saíram de férias: http://www.youtube.com/watch?v=fnrhYwuxaTs
Sinopse: 1970. Mauro (Michel Joelsas) é um garoto mineiro de 12 anos, que adora futebol e jogo de botão. Um dia sua vida muda completamente, já que seus pais saem de férias de forma inesperada e sem motivo aparente para ele. Na verdade os pais de Mauro foram obrigados a fugir por serem de esquerda e serem perseguidos pela ditadura, tendo que deixá-lo com o avô paterno (Paulo Autran). Porém o avô enfrenta problemas, o que faz com que Mauro tenha que ficar com Shlomo (Germano Haiut), um velho judeu solitário que é seu vizinho. Enquanto aguarda um telefonema dos pais, Mauro precisa lidar com sua nova realidade, que tem momentos de tristeza pela situação em que vive e também de alegria, ao acompanhar o desempenho da seleção brasileira na Copa do Mundo.




O que é isso companheiro? https://www.youtube.com/watch?v=9_ODe6ar7ag&list=PLFAB84F41D5AB1A0A&index=65
Sinopse: O jornalista Fernando e seu amigo César abraçam a luta armada contra a ditadura militar no final da década de 60. Os dois se alistam num grupo guerrilheiro de esquerda. Em uma das ações do grupo militante, César é ferido e capturado pelos militares. Fernando então planeja o sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick, para negociar a liberdade de César e de outros companheiros presos.





Batismo de Sangue: https://www.youtube.com/watch?v=YPaycJ8ij3s
Sinopse: São Paulo, fim dos anos 60. O convento dos frades dominicanos torna-se uma trincheira de resistência à ditadura militar que governa o Brasil. Movidos por ideais cristãos, os freis Tito (Caio Blat), Betto (Daniel de Oliveira), Oswaldo (Ângelo Antônio), Fernando (Léo Quintão) e Ivo (Odilon Esteves) passam a apoiar o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional, comandado por Carlos Marighella (Marku Ribas). Eles logo passam a ser vigiados pela polícia e posteriormente são presos, passando por terríveis torturas.




Sinopse: Brasil, anos 60. A ditadura militar faz o país mergulhar em um dos momentos mais negros de sua história. Alheia a tudo isto, Zuzu Angel (Patrícia Pillar), uma estilista de modas, fica cada vez mais famosa no Brasil e no exterior. O desfile da sua coleção em Nova York consolidou sua carreira, que estava em ascensão. Paralelamente seu filho, Stuart (Daniel de Oliveira), ingressa na luta armada, que combatia as arbitrariedades dos militares. Resumindo: as diferenças ideológicas entre mãe e filho eram profundas. Ela uma empresária, ele lutando pela revolução socialista e Sônia (Leandra Leal), sua mulher, partilha das mesmas idéias. Numa noite Zuzu recebe uma ligação, dizendo que "Paulo caiu", ou seja, Stuart tinha sido preso pelos militares. As forças armadas negam e Zuzu visita uma prisão militar e nada acha, mas viu que as celas estavam tão bem arrumadas que aquilo só podia ser um teatro de mau gosto, orquestrado pela ditadura. Pouco tempo depois ela recebe uma carta dizendo que Stuart foi torturado até a morte na aeronáutica. Então ela inicia uma batalha aparentemente simples: localizar o corpo do filho e enterrá-lo, mas os militares continuam fazendo seu patético teatro e até "inocentam" Stuart por falta de provas, apesar de já o terem executado. Zuzu vai se tornando uma figura cada vez mais incômoda para a ditadura e ela escreve que não descarta de forma nenhuma a chance de ser morta em um "acidente" ou "assalto".


O filme Machuca não se passa no Brasil, e sim no Chile. Ele aborda o contexto da ditadura de Pinochet no Chile através da história de Pedro Machuca, um garoto que sofria bullyng na escola (filme legendado).
Sinopse: Chile, 1973. Gonzalo Infante (Matías Quer) é um garoto que estuda no Colégio Saint Patrick, o mais conceituado de Santiago. Gonzalo é de uma família de classe alta, morando em um bairro na área nobre da cidade com seus pais e sua irmã. O padre McEnroe (Ernesto Malbran), o diretor do colégio, inspirado no governo de Salvador Allende decide implementar uma política que faça com que alunos pobres também estudem no Saint Patrick. Um deles é Pedro Machuca (Ariel Mateluna) que, assim como os demais, fica deslocado em meio aos antigos alunos da escola. Provocado, Pedro é seguro por trás e um deles manda que Gonzalo o bata, que se recusa a fazer isto e ainda o ajuda a fugir. A partir de então nasce uma amizade entre os dois garotos, apesar do abismo de classe existente entre eles.


Visões (título em inglês: Imagining Argentina): http://www.youtube.com/watch?v=p02KFxPHP8E  O filme está em inglês, nao encontrei a versão dublada ou legendada em português. Talvez você consiga assistir legendado em português aqui: http://www.filmesdetv.com/imagining-argentina.html
Sinopse: o filme se passa no ano 1970 na Argentina, em meio à ditadura. Carlos é um diretor de teatro infantil, casado com uma jornalista. Após sua esposa escrever uma matéria sobre o desaparecimento de crianças, ela desaparece, e Carlos se envolve numa busca frenética para encontrá-la. Ele descobre que tem um dom e que consegue encontrar outras pessoas desaparecidas e ajudar suas famílias, mas não consegue encontrar sua esposa.



Ouça as músicas:

Músicas de protesto ou crítica à Ditadura Militar

Alegria, alegria (Caetano Veloso): http://www.youtube.com/watch?v=4tzSETbQcJk
A música Alegria, Alegria foi lançada em 1967, por Caetano Veloso. Valorizava a ironia, a rebeldia e o anarquismo a partir de fragmentos do dia-a-dia. Em cada verso, revelações da opressão ao cidadão em todas as esferas sociais. A letra critica o abuso do poder e da violência, as más condições do contexto educacional e cultural estabelecido pelos militares, aos quais interessava formar brasileiros alienados.

Roda Viva (Chico Buarque): http://www.youtube.com/watch?v=IpAR9DlQV6o
A música Roda Viva critica a falta de liberdade que existia durante o regime militar. "A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar".

É proibido proibir (Caetano Veloso):  http://www.youtube.com/watch?v=hE1ULHlLdWo
Esta é uma música de Caetano Veloso, lançada em 1968. Esta canção era uma manifestação das grandes mudanças culturais que estavam ocorrendo no mundo na década de 1960. Na apresentação realizada no Teatro da Universidade Católica de São Paulo, a música de Caetano foi recebida com furiosa vaia pelo público que lotava o auditório. Indignado, Caetano fez um longo e inflamado discurso que quase não se podia ouvir, tamanho era o barulho dentro do teatro.

Caminhando (Geraldo Vandré): http://www.youtube.com/watch?v=1KskJDDW93k
Esta é uma música de Geraldo Vandré, lançada em 1968. Vandré foi um dos primeiros artistas a ser perseguido e censurado pelo governo militar. A música foi a sensação do Festival de Música Brasileira da TV Record, se transformando em um hino para os cidadãos que lutavam pela abertura política. Através dela, Vandré chamava o público à revolta contra o regime ditatorial e ainda fazia fortes provocações ao exército.


Cálice (Chico Buarque): http://www.youtube.com/watch?v=vWxxVt_Tbd8
A música Cálice, lançada por Chico Buarque em 1973, faz alusão a oração de Jesus Cristo dirigida a Deus no Jardim do Getsêmane: “Pai, afasta de mim este cálice”. Para quem lutava pela democracia, o silêncio também era uma forma de morte. Para os ditadores, a morte era uma forma de silêncio. Daí nasceu a ideia de Chico Buarque: explorar a sonoridade e o duplo sentido das palavras “cálice” e “cale-se” para criticar o regime instaurado.


Apesar de você (Chico Buarque): http://www.youtube.com/watch?v=33-bMTOlvx0
Depois de Geraldo Vandré, Chico Buarque se tornou o artista mais odiado pelo governo militar, tendo dezenas de músicas censuradas. Apesar de você foi lançada em 1970, durante o governo do general Médici. A letra faz uma clara referência a este ditador. Para driblar a censura, ele afirmou que a música contava a história de uma briga de casal, cuja esposa era muito autoritária. A desculpa funcionou e o disco foi gravado, mas os oficiais do exército logo perceberam a real intenção e a canção foi proibida de tocar nas rádios.

Jorge Maravilha (Julinho da Adelaide, que era um pseudônimo de Chico Buarque) http://www.youtube.com/watch?v=jY8lvjmexwo
Jorge Maravilha, lançada em 1974, é mais uma música de Chico Buarque, agora sob o pseudônimo de Julinho de Adelaide, criado para driblar a censura. Os versos “você não gosta de mim, mas sua filha gosta” parecia uma relação conflituosa entre sogro, genro e filha. Mas, na verdade, fazia alusão à família do general Geisel. Geisel odiava Chico Buarque. No entanto, a filha do militar manifestava interesse pelo trabalho do compositor.

Que as crianças cantem livres (Taiguara): http://www.youtube.com/watch?v=9yKKsEPxEw0
Composição de Taiguara, lançada em 1973. No mesmo ano, o cantor se exilou em Londres, tendo sido um dos artistas mais perseguidos durante a ditadura militar. Taiguara teve 68 canções censuradas, durante o período de maior endurecimento do regime, no fim da década de 1960 até meados da década de 1970.

Eu quero é botar meu bloco na rua (Sergio Sampaio): http://www.youtube.com/watch?v=D8EhcQaBtpI
Um corajoso protesto contra a ditadura militar, a letra dessa música afirma que o autor não foge da briga e não tem medo, seja do que for. 

Mulher barriguda (Secos e Molhados): http://www.youtube.com/watch?v=S4Sfsyavpgs
Fala sobre as crianças que estavam nascendo no período e teme pelo futuro delas, devido a tantos conflitos e guerras que ocorriam no momento.

Músicas pela redemocratização

Inútil (Ultraje a Rigor): http://www.youtube.com/watch?v=qxRRxN5Lx3o
Estado violência (Titãs): http://www.youtube.com/watch?v=f3_eP1SWFwE
Censura (Plebe Rude): http://www.youtube.com/watch?v=m_mUDCMUtZM

Música de crítica ao sistema vigente

Até quando esperar? (Plebe Rude): http://www.youtube.com/watch?v=YjRVNUt249U





Leia os livros 


Cale-se, MPB e Ditadura Militar: se você curtiu o tema e gostaria de se aprofunda no assunto, sugiro a leitura desse livro, que trata das letras compostas nos anos mais duros da ditadura (64 a 74), e reforça a ideia de que a música serviu (e ainda serve) como importante ferramenta de comunicação, carregando mensagens, críticas e opiniões. Nem todas as músicas descritas nele foram criadas como forma de protesto. Alguns compunham músicas com forte teor político e social, mas nem sempre se dirigiam diretamente à ditadura.

Versões e ficções: o sequestro da História: Reunião de textos sobre a resistência à ditadura militar no Brasil dos anos 60 e 70. É a versão de quem viveu e acompanhou um momento dramático da história brasileira, em que o governo militar cerceou liberdades civis e perseguiu violentamente seus opositores.


Memórias de uma guerra suja: Baseado em depoimento de um ex-delegado do Dops (Delegacia de Ordem Política e Social) a Marcelo Netto e Rogério Medeiros e narrado em primeira pessoa, esse livro levou três anos para ser concluído e gerou indignação nos familiares dos envolvidos

Seu amigo esteve aqui: narra a história de Carlos Alberto Soares Freitas, militante político assassinado na Casa da Morte, em Petrópolis (RJ), na década de 1970. Conhecido como Breno, ele era dirigente da VAR-Palmares --organização clandestina que lutava contra a ditadura militar da qual a atual presidente, Dilma Rousseff, fazia parte.


Série de livros "As Ilusões Armadas", de Elio Gaspari. Composta pelos volumes "A Ditadura Escancarada", "A Ditadura Envergonhada"  e "A Ditadura Derrotada", os livros falam sobre esse período obscuro da História do Brasil, desde o golpe até quase seu fim.

1968, o ano que não terminou, de Zuenir Ventura: interessante livro com vários textos que falam sobre diversos personagens da ditadura, como Cesinha (militante do MR-8), o capitão Carlos Lamarca (militante da VPR- Vanguarda Popular Revolucionária), artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque e outros.

Os Carbonários- Memórias da guerrilha perdida, de Alfredo Sirkis. O autor conta em primeira pessoa sobre o movimento estudantil da qual era participante e de como aconteceu o sequestro dos embaixadores alemão e suíço. Fala sobre os dilemas vividos com Carlos Lamarca e como ele próprio aderiu à guerrilha armada após os AI-5.

O que é isso, companheiro?, de Fernando Gabeira. Gabeira, hoje deputado federal, relata aqui suas experiências com a militância política, a guerrilha, a prisão, a tortura e o exílio que ele mesmo viveu. Esse livro inspirou o filme de mesmo nome, cujo link foi disponibilizado mais acima.
Trechos do livro em pdf: aqui

Livros infanto juvenis:




terça-feira, 22 de outubro de 2013

Martin Luther King

Quem foi 



Martin Luther King, Jr. foi um importante pastor evangélico e ativista político norte-americano. Lutou em defesa dos direitos sociais para os negros e mulheres, combatendo o preconceito e o racismo nos EUA. Defendia a luta pacífica, baseada no amor ao próximo, como forma de construir um mundo melhor, baseado na igualdade de direitos sociais e econômicos.

Em 1955, coordenou um boicote aos ônibus da cidade de Montgomery. Os líderes negros da cidade decidiram boicotar o transporte após a prisão de uma mulher negra (Rosa Parks) que se recusou a ceder o lugar para uma passageira branca. Por causa do protesto, King foi preso e recebeu ameaças de morte.

Em 1964 recebeu o prêmio Nobel, mas em seu país não podia sentar-se à mesa de restaurantes que não fossem determinados para negros

Após tantos inúmeros protestos posteriores, a Suprema Corte decidiu tornar ilegal o transporte público separatista, e tornou a segregação racial um crime.

Em função de sua atuação social e política, Luther King despertou muito ódio naqueles que defendiam a segregação racial nos Estados Unidos. Durante quase toda sua vida adulta, foi constantemente ameaçado de morte por estas pessoas e grupos.

Na manhã de 4 de abril de 1968, antes de uma marcha, Martin Luther King foi assassinado no quarto de um hotel na cidade de Memphis.

Sua atuação política e social foi fundamental nas mudanças que ocorreram nas leis dos Estados Unidos nas décadas de 1950 e 1960. As leis segregacionistas foram caindo, dando espaço para uma legislação mais justa e igualitária. Embora sua atuação tenha sido nos Estados Unidos, Luther King é até hoje lembrado nos quatro cantos do mundo como símbolo da luta pacífica pelos direitos civis.


*Uma outra vertente da luta pelos direitos civis dos negros foi o grupo Panteras Negras. Os Panteras Negras eram integrantes de um polêmico grupo revolucionário americano, surgido na década de 1960 para lutar pelos direitos da população negra. O ponto mais controverso da doutrina do grupo era a defesa da resistência armada contra a opressão dos negros. Fundado em outubro de 1966, o grupo nasceu prometendo patrulhar os guetos (bairros negros) para proteger seus moradores contra a violência policial. O movimento se espalhou pelos Estados Unidos e atingiu seu período de maior popularidade no final da década de 1960, quando chegou a ter 2 mil membros e escritórios nas principais cidades do país. Mas logo as brigas com a polícia levaram a tiroteios em Nova York e Chicago, e entre 1966 e 1970 pelo menos 15 policiais e 34 "panteras" morreram em conflitos urbanos. Esses escândalos, associados à dura perseguição do FBI (em 1968, o diretor do órgão classificou os Panteras Negras como "a maior ameaça à segurança interna americana"), fizeram o movimento perder militantes e cair em descrédito. A saída foi renunciar às ações violentas e dedicar-se a serviços de assistência social nas comunidades negras pobres. Mas a organização continuou perdendo importância dentro do movimento negro e acabou dissolvida oficialmente no início dos anos 80.

**A Ku Klux Kan, uma entidade altamente racista, surgiu nos EUA logo após a Guerra de Secessão, com o objetivo de impedir a integração dos negros  como homens livres com direitos adquiridos e garantidos por lei após a abolição da escravidão. Usavam mantos brancos e capuzes para impedir que fossem reconhecidos. Praticavam o terror contra os negros, judeus, hispânicos e em menor grau, contra quem simpatizasse com essas etnias. As intimidações podiam ser demonstradas através de desfiles com manifestações racistas e até espancamentos, linchamentos e  assassinatos, incluindo incêndios de imóveis e destruição da colheita dessas pessoas. Costumavam queimar cruzes de madeira em seus desfiles. Essa entidade cresceu na década de 1960, em oposição aos movimentos de integração racial liderados por Martin Luther King e Malcom X, além da organização Panteras Negras.

Frases de Luther King


"Um líder verdadeiro, em vez de buscar consenso, molda-o.

"O que mais preocupa não é o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons."

"Quase sempre minorias criativas e dedicadas transformam o mundo num lugar melhor."

"Se um homem não descobriu algo por que morrer, ele não está preparado para viver."

"Sonho com o dia em que a justiça correrá como água e a retidão como um caudaloso rio."

"O ser humano deve desenvolver, para todos os seus conflitos, um método que rejeite a vingança, a agressão e a retaliação. A base para esse tipo de método é o amor.

"A Verdadeira paz somente não é a falta de tensão, é a presença de justiça."

"Nós temos que combinar a dureza da serpente com a suavidade da pomba, uma mente dura e um coração tenro."

"Nada no mundo é mais perigoso que a ignorância sincera e a estupidez conscienciosa."

"O Amor é a única força capaz de transformar um inimigo num amigo."


Fontes: Sua pesquisa e Info Escola.




Para saber mais:


Veja as imagens:

Martin em seu mais famoso discurso: "Eu tenho um sonho", proferido durante a marcha para a liberdade em Washington. Essa marcha marcou a história da luta pelos direitos civis dos negros, e dela resultaram grandes mudanças na legislação americana.


 Martin Luther King explica à sua filha o motivo pelo qual ela não pode ir ao parque de diversões (por causa da segregação, somente crianças brancas podiam frequentá-lo)


 Segregação racial num ônibus em Atlanta (1956): brancos na frente e negros no fundo.


Dorothy Counts é a primeira menina negra a frequentar uma escola majoritariamente de brancos, em 1957. Na foto, ela recebe insultos, é perseguida, cuspida e atacada. O homem ao seu lado é um amigo que a pedido do pai dela a acompanhou em seu primeiro dia de aula, a fim de garantir sua segurança. 


Dorothy sofrendo insultos na escola em seu primeiro dia de aula por ser a única negra. Ela permaneceu na escola somente 4 dias, pois sua segurança e a de sua família começou a ser ameaçada (para saber detalhes, clique aqui


Pessoas e seus cartazes clamando pelo fim da brutalidade policial e das escolas separadas para brancos e negros.




Em uma escola de ativistas negros, uma moça recebe treinamento para não reagir a possíveis provocações que possa receber tanto na sociedade quanto nas escolas (1960)

Martin Luther King com seu filho removendo uma cruz queimada de seu quintal, provavelmente colocada lá por racistas da época ligados à Ku Klux Klan. 




Acesse os sites:

Clique nos títulos abaixo:

Veja os filmes/vídeos: 

Os Panteras Negras-filme completo:
Sinopse: Oakland, Califórnia, 1967. Huey Newton (Marcus Chong) e Bobby Seale (Courtney B. Vance) são amigos, que formam um novo partido dedicado a proteger os negros das violentas arbitrariedades dos policiais brancos. O Partido dos Panteras Negras de Autodefesa dá almoço grátis para as crianças, educa a comunidade afro-americana a se conscientizar dos seus direitos, faz o que pode para tirar das ruas os traficantes de drogas e enfrenta a polícia de Oakland (que é extremamente racista) quando esta desrespeita os direitos civis dos negros. O partido faz tudo isto sem transgredir alguma lei. Logo brancos conservadores começam a se sentir incomodados e planejam se livrar desta “ameaça”, mesmo que tenham de desrespeitar a lei.



Documentários sobre a luta pelos direitos civis dos negros (clique nos links para assistir):




O mais famoso discurso de Martin Luther King: "Eu tenho um sonho" (clique em 'ativar legenda')


Matéria do Fantástico de 1979 sobre Martin Luther King e entrevista com o responsável pelo seu assassinato (clique no link abaixo)


Pequeno vídeo que mostra algumas imagens das atividades da Ku Klux Kan, com o discurso de Martin Luther King ao fundo: 

Ouça as músicas:


O U2, uma banda de rock irlandesa, fez a música "Pride (in the name of love)" que homenageia Martin Luther King e sua luta pelos direitos civis dos negros nos EUA.
Observe a letra e ouça a música aqui: http://letras.mus.br/u2/62999/


O cantor americanoStevie Wonder compôs a música "Happy Birthday" no ano de 1981. Naquele período, discutia-se sobre a criação de um feriado para homenagear Martin Luther King.
Observe a letra e ouça a música aqui: http://letras.mus.br/stevie-wonder/380779/traducao.html


A banda de hip hop Public Enemy é uma banda americana que sempre canta sobre problemas políticos e sociais dos EUA. Em 1992 eles fizeram a música "By the time I get to Arizona", que fala sobre o fato de o estado do Arizona nao comemorar o feriado de Martin Luther King.
Observe a letra e ouça a música aqui: http://letras.mus.br/public-enemy/157226/traducao.html


Os Beatles também falaram sobre King. Paul (um dos vocalistas e compositores da banda) leu certa vez no jornal sobre os conflitos raciais nos EUA e o sofrimento de mulheres negras para ingressar na sociedade, e compôs a música Blackbird (pássaro negro). Na letra, o pássaro negro simboliza as mulheres da comunidade negra americana.
Observe a letra e ouça a música aqui: http://letras.mus.br/the-beatles/209/traducao.html




Leia os livros:

As palavras de Martin Luther King  Autor: King, Jr., Martin Luther
  Editora: Jorge Zahar
  Temas: Sociologia
- Um apelo à consciência - Os melhores discursos de Martin Luther King  Autor: Carson, Clayborne
  Editora: xxxxx
  Temas: Sociologia
- O jovem Martin Luther King
  Autor: Whitman, Christy
  Editora: Nova Alexandria
  Temas: Biografia 
-Martin Luther King 
  (Coleção Grandes Líderes)
  Editora: Nova Cultural
  Tema: biografia e história 








sábado, 7 de setembro de 2013

A Guerra Fria

Guerra Fria 

Introdução 
Confronto ideológico entre os Estados Unidos e a União Soviética. Não houve um conflito militar direto entre as duas superpotências, mas ocorreram intensas lutas econômicas e diplomáticas.

Antecedentes

Os Estados Unidos intervieram nos conflitos internos russos e até 1933 não reconheceram o Estado soviético. Embora aliados contra a Alemanha nazista, a aliança se desfez após a vitória sobre a própria Alemanha, por causa de insuperáveis diferenças ideológicas.

Os diferentes interesses pós-1945 levaram a suspeitas e hostilidades mútuas em meio a uma rivalidade crescente fundamentada na ideologia. Alguns historiadores, invocando a geopolítica e outras razões, argumentam que as relações entre os poderes durante a Guerra Fria não eram piores do que as existentes em outras épocas. Entretanto, a natureza ideológica da luta e a ameaça de um holocausto nuclear colaboraram para esconder as tensões políticas que ressurgiram em várias partes do mundo, uma vez que a antiga forma de organização e relacionamento entre os países havia sido modificada. Paradoxalmente, a Guerra Fria assegurou a paz militar na Europa durante quase 50 anos.

Manobras e Contramanobras

Em 1948, Truman lançou o Plano Marshall para a reconstrução da Europa Central e Ocidental, propondo a criação de uma aliança militar que seria a chamada Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). No ano seguinte, os soviéticos conseguiram a bomba atômica e nas lutas civis chinesas foram vencedores os comunistas que se aliaram a Stalin. Na Guerra da Coréia (1950-1953), enfrentaram-se o regime comunista do Norte e o pró-ocidental do Sul. As tensões da Guerra Fria foram reativadas no final da década de 1950, quando ambos os lados começaram a desenvolver projetos para a construção de mísseis balísticos intercontinentais. A União Soviética tentou proteger a Alemanha Oriental comunista de uma fuga da população para o Ocidente ao construir o Muro de Berlim em 1961. Cada superpotência também tentava influenciar as nações emergentes da Ásia, da África, do Oriente Médio e da América Latina. Em 1962, surgiu uma grave crise quando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) instalou mísseis em Cuba e o presidente John Fitzgerald Kennedy ameaçou com represálias nucleares. Os soviéticos retiraram os mísseis em troca da promessa de Kennedy de não invadir Cuba.

Ambos os lados tornaram-se mais moderados devido à crise dos mísseis de Cuba, demonstrando a relutância mútua em travar uma guerra nuclear. De alguma maneira, a rígida polarização anterior foi arrefecida. Os soviéticos se enfraqueceram devido à cisão entre a China e Moscou, aos acontecimentos em Praga na primavera de 1968 e às manifestações opositoras em outros países da Europa Oriental.

Enquanto isso, os Estados Unidos estavam lutando no Vietnã, uma ação militar que custou a vida de 57 mil soldados norte-americanos e 2 milhões de vietnamitas. Por volta de 1973, as duas superpotências chegaram a um acordo sobre uma política de distensão na tentativa de deter a corrida armamentista. Foi o acordo Salt de limitação de armas estratégicas.

Fim da Guerra Fria

Em 1985, Mikhail Gorbatchov e Ronald Reagan, que no começo da década haviam iniciado um novo plano de desenvolvimento armamentístico, decidiram reduzir sua presença na Europa. A reunificação alemã e o esfacelamento da URSS colaboraram para o fim da Guerra Fria. George Bush declarou a necessidade de "uma nova ordem mundial".

Em maio de 1997 foi assinado um acordo histórico entre a Rússia, representada pelo presidente Boris Yeltsin, e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), sendo seu secretário-geral Javier Solana. O acordo estendeu a atuação da Otan aos países do antigo bloco soviético e foi reconhecido pela sua Ata de fundação no que diz respeito às relações mútuas e de cooperação entre a Otan e a Rússia. As duas partes deixavam de considerarem-se adversárias, razão pela qual numerosos analistas têm considerado o fato o fim definitivo da Guerra Fria.

Fonte: www.historiadomundo.com.br

Filmes para estudar a Guerra Fria
"Com a tagline “Você nunca vai acreditar quão perto chegamos” esse filme relata os treze dias que se passaram em 1962 desde o momento que o presidente John F. Kennedy foi avisado de que bombas estavam sendo levadas até Cuba até o fim da crise.
Em outubro daquele ano, fotos de vigilância dos EUA perceberam que uma base de lançamento de mísseis estava sendo montada na ilha, que havia acabado de passar por uma revolução socialista. Ao mesmo tempo, os navios soviéticos com as armas que poderiam aniquilar os norte-americanos se aproximavam de Cuba. O filme mostra os acontecimentos da época e as possibilidades consideradas pelo presidente Kennedy que, com uma simples ordem, poderia abrir fogo contra a União Soviética e começar uma nova guerra mundial."

2. Adeus, Lênin (2003)
"Esse filme, dirigido por Wolfgang Becker, não retrata o ápice da Guerra Fria, mas sim o final dela – e o desmantelamento da União Soviética.
A história conta a vida de uma mulher que entrou em coma antes do fim da Guerra e só acordou em 1990. Seu filho recebe o aviso do médico: a mãe não pode passar por muitas emoções. A queda do muro de Berlim e o fim do regime soviético certamente seriam fortes emoções e o garoto agora tem de esconder da mãe que sua amada “Alemanha Oriental” não mais existia.
Adeus, Lênin mostra de forma sutil e perspicaz detalhes de como era essa divisão entre as Alemanhas e como a política do período alterava o dia a dia das pessoas comuns na Europa."

"No começo da década de 1950 a ameaça do comunismo nos Estados Unidos gerou uma onda de paranoia entre os cidadão comuns. Um senador norteamericano se aproveitou disso e criou uma doutrina conhecida como Macartismo (por conta de seu nome, Joseph McCarthy), que estimulava qualquer pessoa a denunciar comportamentos tidos como suspeitos. Durante esse período, que foi uma verdadeira “caça às bruxas” moderna, muitos artistas, jornalistas e qualquer um que tivesse condutas “questionáveis” foram perseguidos.
O filme, dirigido e estrelado por George Clooney, mostra bem a atmosfera de medo e delações premiadas que existia na época. O repórter Murrow e o produtor Fred Friendly decidem se opor às práticas do Macartismo e acabam sofrendo consequências."

4. Dr. Fantástico (1964)
"Dirigido por Stanley Kubrick, Dr. Fantástico é uma grande sátira da paranoia e do militarismo do período da Guerra Fria. Um general louco começa um processo que pode levar a uma guerra nuclear numa “sala de guerra” repleta de militares e políticos, que, por sua vez, tentam entrar em contato com os aviões antes que eles lancem a bomba na União Soviética.
Cada um dos personagens é um estereótipo de personagens da época: o militar que quer guerra, o cientista alemão, o piloto “caipira” e nem mesmo Hitler escapam da sátira de Kubrick. Muitas das falas fazem referência às teorias do período, como a de Destruição Mútua Assegurada (em inglês, a sigla é MAD, que significa “louco”), segundo a qual uma guerra nuclear necessariamente terminaria na eliminação das duas potências e, por isso, nem Estados Unidos nem União Soviética iniciariam um ataque direto."

5. Jogos de Poder (2007)
O drama traz os bastidores da Guerra do Afeganistão, uma das “guerras quentes” do período. No congresso americano, o político Charlie Wilson luta para angariar fundos para os rebeldes afegãos, osmujahidin, que lutavam contra o governo marxista do país. A guerra foi um dos grandes exemplos do paradigma da época: EUA e URSS não se enfrentaram diretamente, mas era claro que os soviéticos apoiavam o governo afegão e que os americanos financiavam os insurgentes.
O filme mostra bem essa divisão e o andamento da guerra civil afegã. Ao mesmo tempo, há um bom retrato dos jogos de poder e politicagem que aconteciam nas instituições oficiais norte americanas. O drama ainda faz questão de apontar as ironias históricas da ação dos Estados Unidos que, décadas mais tarde, chegaram a enfrentar esses mesmos mujahidin na sua luta contra o terrorismo.

6. Platoon (1986)
Uma lista com filmes da Guerra Fria não poderia ficar sem uma obra baseada na Guerra do Vietnã. Platoon traz Charlie Sheen como um jovem recruta no sudeste asiático que é forçado a ver os piores horrores da guerra e passa por uma grande crise moral. Idealista, Chris foi um voluntário para lutar na guerra pois acredita que deve defender seu país, assim como fizeram seu avô e seu pai em guerras anteriores. Mas aos poucos, com a convivência dos demais recrutas e dos oficiais que o cercam, ele vai perdendo sua inocência e passa a experimentar de perto toda a violência e loucura de uma carnificina sem sentido.